Ao longo dos últimos anos, o uso da tecnologia como ferramenta solucionadora de problemas tem sido cada vez mais constante nas mais diversas indústriase setores. De acordo com os dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre 2016 e 2018, o índice de uso de tecnologias digitais entre grandes empresas brasileiras aumentou de 63% para 73%.

Gustavo Benato, alumni do LAIOB e também Software Engineer na AB InBev, ressalta a importância da tecnologia para modernização das empresas. Em entrevista ao LAIOB, Gustavo explicou como a pandemia impactou o setor de bebidas no Brasil e a importância que a tecnologia teve no desenvolvimento de propostas para suavização desses problemas.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Quem é o Gustavo como pessoa? Descreva brevemente sua trajetória em um minuto (conquistas pessoais e profissionais).

Desde mais jovem, sempre me vi como uma pessoa completamente apaixonada por tecnologia e esportes. Pensando nisso, optei por focar meu desenvolvimento acadêmico na área de tecnologia, cursando o ensino médio técnico em TI, graduação em Análise de Sistemas de Computador e pós-graduação em Gestão de Projetos.

Olhando a minha trajetória, acredito que uma das minhas maiores conquistas até hoje foi um projeto de carteira de vacinação digital que desenvolvi no curso técnico, este projeto foi reconhecido por alguns prêmios importantes no meio acadêmico.

Atualmente você trabalha com o desenvolvimento de software para que bares e restaurantes possam realizar compras diretas da ABInBev. Com a vinda da pandemia no ano passado, estes estabelecimentos foram muito impactados e consequentemente seus fornecedores também – como você enxerga que esse período afetou sua área? Quais foram os principais desafios enfrentados para passar por esse período?

Acredito que o principal desafio que a pandemia trouxe na minha área de atuação foi a adaptação ao home office. O trabalho remoto traz uma mudança repentina de ambiente, nem todos possuem infraestrutura adequada para trabalhar em casa (como internet, espaço, etc), dessa forma, algumas pessoas acabam sentindo mais o impacto da mudança e isso afeta a qualidade do trabalho.

É fato dizer que a pandemia aumentou a demanda de trabalho, principalmente no setor da tecnologia. Pudemos observar um incentivo ao crescimento da área e surgimento de novas vagas para suprir as necessidades das demandas.

Sabemos que com os desafios, surgiram também muitas soluções para readaptação dentro deste novo cenário que estamos vivendo. Neste setor de bares e restaurantes, quais as principais soluções que vocês encontraram para driblar a situação? No seu ponto de vista, quais são as perspectivas futuras para esse setor?

Dentro da AMBEV tivemos duas iniciativas:

  • A “Apoie Um Restaurante”, em parceria com a Stella Artois, que consistia na venda de vouchers de bares e restaurantes para serem utilizados quando estes estabelecimentos reabrissem.
  • O “Ajude Um Boteco”, em parceria com a Bohemia, em que vouchers foram disponibilizados para utilização em compras futuras com valor acima do que foi previamente pago.

Já no que diz respeito às perspectivas futuras, senti grande mudança no relacionamento empresa-cliente. Eu trabalho e lido diretamente com o sistema que o dono do estabelecimento utiliza para fazer pedidos ao fornecedor, dessa forma, é perceptível que o papel do vendedor está mudando – isso foi remodelado. Antes o vendedor era um parceiro que passava periodicamente no bar para a retirada de pedidos de compra, no entanto, com a utilização dos aplicativos, os donos dos estabelecimentos passaram a fazer os pedidos digitalmente a qualquer hora e sem a necessidade de um intermediador. Possivelmente, com essa mudança, a função do vendedor nesse modelo de negócio terá de ser adaptada.

Também podemos mencionar a criação dos cardápios digitais, que além de suprirem as exigências sanitárias da pandemia, promovem a diminuição de custo para o dono do estabelecimento e mais agilidade na consulta de opções e preços para os clientes.

Você  trabalhou com pesquisa em engenharia de softwares na UNICAMP. Quais foram os principais desafios de transitar entre uma área de pesquisa para uma posição corporativa?

Sempre tive vontade de trabalhar com pesquisa, escolhi a UNICAMP justamente por conta disso.

A grande diferença é que na pesquisa eu tinha contato apenas com o orientador, era um trabalho solitário, que envolvia muita leitura e busca de informações e, por conta disso, enxergar o resultado final foi um processo mais longo.

No mundo corporativo estamos sempre cercados de pessoas, hoje meu time tem 10 colaboradores e fica alocado numa área de 40 pessoas. Dessa forma, eu vejo que saber se comunicar, se expressar, aprender com os outros, ensinar, adquirir e desenvolver soft skills são pontos fundamentais para podermos ter a melhor integração do time e, consequentemente, resultados mais rápidos.

É notável o crescimento das áreas de TI e softwares no país ao longo dos últimos anos, como você enxerga que esse crescimento pode impactar nos diversos setores da economia? Você pode apontar alguns fatores que, na sua opinião, ajudaram nesse crescimento das áreas de TI e softwares?

Enxergo que o crescimento da tecnologia tem sido uma mudança orgânica e gradativa, assim como a adaptação das empresas a essa nova realidade.

Atualmente, não falamos mais que usamos táxi, mas sim que usamos Uber ou 99. Também não falamos mais que vamos pedir um jantar, mas sim que vamos pedir um iFood ou um Rappi.

Hoje em dia, as maiores empresas do mundo são de tecnologia e, ao mesmo tempo, as pequenas e médias empresas também buscam por essa modernização, querem ter um app, um site, etc. Essa mudança fez com as empresas que ainda não estavam adaptadas a esse meio, passassem a  entender que terão que levar a tecnologia para o cliente a fim de agregar valor com a sua marca. Como exemplo disso, podemos citar o Bradesco que criou a BIA (serviço de inteligência artificial), o Itaú com um chat humanizado e, quando falamos em investimentos (da nova e recente maneira de investir), temos até mesmo o Nubank que fez parceria com a Easyinvest.

O pensamento de hoje nas empresas é de modernização. Inclusive, essa nova necessidade do mercado gerou oportunidades para consultorias, que  visam ajudar nesse processo de modernização.

Como exemplo de empresas que não se preocuparam o suficiente para a modernização e acabaram tendo impactos negativos, podemos citar os cases da Blockbuster e Kodak, que tiveram que encerrar suas atividades por falta de fit com as novas necessidades do mercado.

Considerando sua trajetória, como você descreveria o impacto do LAIOB na sua vida (pessoal, profissional e afins)?

O curso, de fato, foi um divisor de águas para a minha carreira e meu futuro. Durante 15 dias eu tive a oportunidade de ter uma imersão na The University of Akron estudando o que eu gosto e, depois disso, tive certeza da área que eu gostaria de seguir.

As aulas de Business English também foram ótimas, estou em um emprego que exige o inglês diariamente e isso me auxiliou muito no meu dia-a-dia no trabalho.

Dê uma dica, um conselho ou uma frase que te inspire e você gostaria de compartilhar com as pessoas.

Eu sempre estudei em escola pública, ao longo da minha trajetória acadêmica eu cheguei a ganhar uma bolsa de 100%. Fiz universidade pública no Brasil e, hoje, trabalho na maior cervejaria do mundo.

Meus pais são de origem simples do interior, eu sou fruto do ensino público brasileiro, que tem sim seus defeitos, mas é fundamental para conseguirmos evoluir enquanto sociedade.

Você sempre vai achar algum professor que vai acreditar em você, eu encontrei dois no ensino técnico que me levaram a feiras que me fizeram ganhar prêmios e um na graduação que foi meu orientador. Eles mudaram a minha vida.